Transformação digital: apenas mais uma palavra da moda?
Em um dos comentários do meu último artigo (“Garantindo o essencial”), um amigo me perguntou: “Ok, mas, do ponto de vista do acionista, a transformação digital agrega valor? Qual é o retorno sobre o investimento?” E isso me fez pensar em como “transformação digital” pode ter se tornado apenas mais uma daquelas palavras da moda. Acredito que seja consenso que a maioria das empresas tradicionais, que não nasceram no digital, precisam passar por uma transformação tecnológica se quiserem não apenas sobreviver por mais uma década, mas também melhorar seu desempenho ou, quem sabe, “disruptuar o mercado” (opa, outra palavra da moda!). No entanto, a verdadeira transformação digital é um processo complexo que deve integrar novas ferramentas digitais, novos modelos de negócio e novas formas de trabalhar com as fontes existentes de vantagem competitiva e um foco laser no comprometimento com os resultados.
Claro, é impossível passar por uma transformação sem investimento, um forte gerenciamento de mudanças e um certo grau de risco. Mas os gestores têm o dever de encontrar o equilíbrio entre explorar novas formas de fazer negócios e preservar o resultado final, buscando inovação com foco nos benefícios que essa inovação trará.
“Gestores têm o dever de encontrar o equilíbrio entre explorar novas formas de fazer negócios e preservar o resultado final.”
Em uma conversa com um membro da minha equipe, que se juntou a nós há alguns anos de uma empresa que investiu fortemente em tecnologia sem gerar os retornos esperados, discutimos quais lições poderiam ser aprendidas para aumentar nossas chances de sucesso. E a partir dessa discussão, criamos uma lista de cinco regras importantes de transformação digital que fazemos o nosso melhor para seguir:
1) Comece com uma proposta de valor clara para os clientes
Um grande erro na transformação digital é não ter uma proposta de valor clara para os clientes. Pode ser um risco para qualquer empresa - a equipe tem uma ideia aparentemente ótima, mas os benefícios para o usuário final não estão presentes no momento do lançamento do novo produto ou serviço. Um problema associado é a falta de envolvimento do cliente no desenvolvimento do produto, com a equipe não gastando tempo suficiente com os usuários para obter feedback em tempo real e se adaptar de acordo. Além disso, com base na minha experiência em serviços comerciais B2B, percebi que devemos conversar não apenas com o cliente que é o usuário final do aplicativo (no nosso caso, o proprietário do PDV), mas também com todos os nossos setores que atendem o cliente (por exemplo, vendas de campo, logística). As equipes de vendas de campo, por exemplo, devem entender o produto e a proposta de valor do cliente, pois também precisam ajudar os clientes na adoção e ficar satisfeitas para que a empresa obtenha todo o potencial de uso do aplicativo digital.
2) Create internal pull and not push (Ainda não traduzido)
Mesmo quando o novo aplicativo digital tem potencial de criação de valor, não é certo que ele seja recebido de braços abertos pela organização. Toda mudança traz um certo grau de dificuldade e tira as pessoas de sua zona de conforto. Portanto, um grande risco sempre presente é a tentação de forçar a adoção pela organização. Os líderes podem falar sobre os novos aplicativos em suas apresentações e a equipe responsável pode explicar como sua inovação é uma ótima proposta. Mas nada disso importa se as equipes internas não estão convencidas e engajadas. As pessoas devem ser atraídas para o seu produto devido à sua qualidade e histórico de melhoria de resultados em pilotos que elas podem visitar e ver por si mesmas, não pressionadas a implementar uma ferramenta na qual ainda não compraram totalmente a ideia.
3) Big investment must come after proven results (Ainda não traduzido)
Tentar escalar um novo projeto antes que ele tenha se provado bem-sucedido é outro caminho para o fracasso. A ambição é boa - no momento certo. Nos comprometemos a nunca investir uma grande quantidade de recursos e dinheiro antecipadamente. Primeiro, testamos se a ideia resolve um problema real do cliente e tem um caminho claro para a lucratividade. É importante evitar o escalonamento antes que o potencial tenha sido verificado ou antes que os desafios culturais tenham sido abordados. Em um momento em que ser digital é quase uma obrigação para qualquer empresa, percebo que líderes muitas vezes enfrentam a tentação de acelerar qualquer ideia que pareça empolgante o suficiente. Mas as coisas boas levam tempo. Não podemos nos apressar para reivindicar o sucesso muito cedo ou deixar nosso ego interferir ao pressionar por uma solução não comprovada ou não reconhecer resultados decepcionantes quando eles acontecem.
“Um grande erro na transformação digital é não ter uma proposta de valor clara para os clientes.”
4) Use cuidadosamente KPIs selecionados
Indicadores-chave de desempenho (KPIs) podem ser um grande lobo mau disfarçado de uma ovelha muito branca. Na ABI, adoramos todos os tipos de métricas. Mas os objetivos devem estar sempre intimamente ligados ao propósito e estratégia do negócio, demonstrando se valor real está sendo agregado. Indicadores de desempenho mal selecionados, irrelevantes ou desconectados são um enorme risco. KPIs enganosos podem dar uma falsa sensação de segurança de que tudo está sendo medido (e até indo bem), sem fornecer nenhuma visão concreta de como o projeto pode melhorar ou pior, não salvaguardar uma maior satisfação do cliente ou um aumento nos resultados financeiros.
Observação: Há um parágrafo duplicado no texto original. Já o corrigi na tradução.
5) Considere as tendências e não a situação atual das coisas
Um erro comum que qualquer empresa pode cometer é 'patinar para onde o disco está', em vez de para onde ele estará. As decisões não devem ser tomadas com base na situação atual do mercado, mas nas expectativas futuras de como o mundo será, antecipando tendências futuras. Um exemplo típico do passado recente foi o investimento em servidores locais em vez de soluções baseadas em nuvem, limitando o fluxo e o acesso aos dados.